CULINÁRIA INDÍGENA BRASILEIRA

Não é fácil falar de culinária indígena, porque existem mais de 200 etnias oficialmente reconhecidas no Brasil, cada uma com costumes alimentares específicos, tanto os ligados ao dia a dia quanto também a ocasiões particulares – por exemplo, em caso de doença, de casamento ou morte, de ritual para a caça ou a pesca ser abundante etc. O que há de comum entre essa população é que os alimentos são obtidos da natureza circundante, das árvores e plantas cultivadas aos insetos e animais silvestres, assim como aos peixes dos rios e lagos próximos.

Em geral, cabem aos homens as incursões de caça e pesca, enquanto fica a cargo das mulheres da aldeia o cultivo das roças e a preparação dos pratos, seja a carne moqueada de um porco-do-mato, seja o o peixe seco pilado para virar paçoca.

Aliás, a paçoca que nós, brasileiros, tanto apreciamos, feita de amendoim e bem docinha, é inspirada na paçoca indígena. Também passou para a nossa culinária a farinha de mandioca, que as mulheres da aldeia fazem após ralar a raiz e assá-la como beiju. Acompanhando um peixe ensopado, essa farinha vira um delicioso pirão. E é ela que aparece numa outra paçoca, que os viajantes do sertão costumam levar numa bolsa de couro: é a paçoca de carne, preparada com pedaços de carne cozida – de porco, em geral – e batida no pilão junto com a farinha. Com sal e um maço de cheiro-verde, fica de estalar a língua!

Os povos indígenas ainda têm muito a nos dizer para aperfeiçoarmos o nosso paladar.